‘O que é fascismo?’: a maior dúvida dos brasileiros em 2018, segundo o Google
Em ano de eleições, Copa do Mundo e 'Big Brother Brasil' lideram o volume de pesquisas no país, segundo balanço anual do buscador
São Paulo
Manifestantes em Londres levam faixa 'feministas contra fascismo' durante protesto contra o Brexit, em 9 de dezembro. DAN KITWOOD GETTY IMAGES
O que crush, pangolim e fascismo têm em comum? As palavras lideraram as buscas online feitas no Brasil na categoria "o que é?", respectivamente em 2016, 2017 e 2018, segundo mostra o levantamento anual publicado pelo Google nesta quarta-feira. A disputa presidencial foi o fato que motivou as buscas pelo termo "fascismo". De um lado os adversários do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) passaram o ano chamando-o de fascista, de outro, eleitores do então presidenciável negaram e combateram a pecha. Fato é que boa parte dos brasileiros não sabia o que tanto se discutia, literalmente: "o que realmente é fascismo", "o que é fascista", "fascista resumo", "fascismo ou facismo", foram algumas das perguntas relacionadas à dúvida.
Responsável por cerca de 90% das pesquisas realizadas na internet no mundo, o Google revela desde 2001 um levantamento anual (global e segmentado por vários países) com os 10 temas mais procurados nas categorias buscas, acontecimentos, personalidades, filmes, perdas, programas e séries, times da série A, música, tecnologia, "virou meme", "como fazer", "por quê" e a já citada "o que é". As tendências de buscas (os chamados trends) costumam servir como um termômetro dos interesses dos internautas num determinado momento. As listas são baseadas nos termos de pesquisa que mais cresceram no ano na comparação com o ano anterior . O fato de, em dois anos, o interesse dos brasileiros saltar de um termo em inglês usado num contexto de paquera (crush) para a definição de um modelo político autoritário diz um pouco sobre como foi o ano que se aproxima do fim.
Outros temas que dominaram o debate político em 2018 dominaram o top 10na categoria: "o que é intervenção militar" foi a segunda maior dúvida do ano (motivada pela intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro); enquanto "o que é Ursal" (a imaginária União das Repúblicas Socialistas da América Latina citada pelo candidato a presidente Cabo Daciolo durante um debate eleitoral na TV) foi a quarta pergunta mais procurada no Google. A terceira maior dúvida dos brasileiros, segundo o buscador, foi "o que é lúpulo", provavelmente motivada por uma campanha publicitária de uma grande marca de cerveja veiculada na TV.
A disputa eleitoral influenciou outras categorias de busca no Google, levando o presidente eleito Jair Bolsonaro a ser o quarto assunto mais pesquisado no Brasil no ano. Considerando o ranking global, foi a sexta personalidade mais procurada na plataforma. Os eleitores também recorreram ao Google para buscar argumentos que referendassem seu voto: "por que votar em Bolsonaro" foi a segunda pergunta mais digitada no quesito "por quê?", enquanto "por que nãovotar em Bolsonaro" ficou com a sexta colocação no mesmo levantamento. O nome do presidente eleito também foi a quarta palavra mais associada à busca por memes, perdendo para "que tiro foi esse esse?", Fábio Assunção e "É verdade esse bilhete".
Se por um lado a corrida eleitoral e o debate político dominou o comportamento de buscas online, por outro, o assunto Eleições 2018 ainda atraiu menos interesse que a Copa do Mundo e o Big Brother Brasil, os dois temas mais pesquisados no país no ano. O reality show da TV Globo é, aliás, o assunto mais pesquisado no país há anos: entre 2013 e 2017 o termo BBB foi a principal pesquisa feita no buscador. Na categoria acontecimentos, a Copa na Rússia também foi o assunto mais buscado, seguida pela disputa eleitoral e pela greve dos caminhoneiros. Esse último, aliás, foi um dos quatro temas do Brasil que figuram entre as principais pesquisas feitas no Google em todo o planeta. O que justifica o fato de a pergunta "como fazer gasolina" (em casa, diga-se) ter sido a terceira pesquisa a começar com "como fazer...".
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