Com mais um militar, Bolsonaro se cerca de troika de generais no Planalto
Carlos Alberto dos Santos Cruz será chefe da Secretaria de Governo. Com ele, quatro das seis autoridades com gabinetes perto dele são militares do Exército
Brasília
O general Santos Cruz, futuro ministro da Secretaria de Governo. FÁBIO R. POZZEBOM AG. BRASIL
Com a indicação de mais um militar, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), concluiu nesta segunda-feira a formação de seu quarteto de ministros palacianos, que são aqueles que ficam mais próximos do presidente. Logo pela manhã, Bolsonaro anunciou o general Carlos Alberto dos Santos Cruz como ministro da Secretaria de Governo. Dessa maneira, quatro das seis autoridades com gabinetes no Palácio do Planalto são militares do Exército.
Aos 66 anos, essa não será a primeira experiência de Santos Cruz no poder público. Até a semana passada ele era cotado para assumir a Secretaria Nacional da Segurança Pública, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, que ele já chefiou entre abril de 2017 e junho de 2018, durante a gestão Michel Temer (MDB). Foi um dos responsáveis por estruturar o plano de intervenção federal militar no Rio de Janeiro. Antes desse cargo, ele foi chefe de assuntos militares da Secretaria de Assuntos Estratégicos, no governo Dilma Rousseff (PT). Ele também já chefiou missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, entre 2007 e 2009, e no Congo, em 2013. Desde que deixou o governo Temer, tornou-se conselheiro da ONU.
Atualmente, a Secretaria de Governo tem a responsabilidade de fazer a articulação do Executivo com o Congresso Nacional. Costumava ser ocupada por políticos tradicionais. Seus últimos chefes, por exemplo, foram os deputados federais Carlos Marun (MDB), Antonio Imbassahy (PSDB), e os ex-deputados Geddel Vieira Lima (MDB) e Ricardo Berzoini (PT). No entanto, ao menos inicialmente, na gestão Bolsonaro, o papel de articulador com o Legislativo será desempenhado por Lorenzoni, da Casa Civil. Não está claro quais serão todas as atribuições do general Santos Cruz. Aliados de Bolsonaro relataram que ele queria próximo a si alguém com experiência na área de segurança para fazer uma interlocução com o ministério da Justiça, que será comandado pelo ex-juiz Sergio Moro.
Além de Bolsonaro, que é capitão reformado, e de Santos Cruz, também estarão no Planalto outros nomes que passaram pelo Exército: o vice-presidente, general Hamilton Mourão, e o futuro ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno. Os outros dois ministros são: um político profissional, o deputado federal e futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), e o advogado que coordenou a campanha eleitoral do PSL, Gustavo Bebianno, que será o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República. Fora do Planalto, ainda há outros dois militares escolhidos para o Governo: o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o ministro da Ciência, Marcos Pontes, tenente-coronel da Aeronáutica.
A indicação de Santos Cruz demonstra também que o presidente está com dificuldades em reduzir o tamanho da sua estrutura ministerial. Inicialmente, ele pretendia diminuir de 29 para 15 o número de ministérios. Entre os que seriam cortados ou perderiam o status de ministério estavam a Secretaria de Governo, a Secretaria-Geral, os ministérios da Transparência e do Meio Ambiente. Nenhum desses órgãos foi extinto, sendo que apenas esse último ainda não teve seu titular nomeado. Na recente configuração, estima-se que o presidente terá entre 17 e 20 ministros, sendo que 13 já foram indicados para os cargos.
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