viernes, 3 de mayo de 2019

Mia Couto: “Doeu ver como África e Moçambique ficaram tão distantes do Brasil” | Cultura | EL PAÍS Brasil

Mia Couto: “Doeu ver como África e Moçambique ficaram tão distantes do Brasil” | Cultura | EL PAÍS Brasil



Mia Couto: “Doeu ver como África e Moçambique ficaram tão distantes do Brasil”

O escritor moçambicano conversa com o EL PAÍS sobre escrita, política e o ciclone Idai, que quase destruiu sua cidade natal e demorou a ser notado pelos brasileiros

Antes de aprender a ler livros, Mia Couto (Beira, Moçambique, 1955) aprendeu a ler a terra. A grande diversão de seu pai, um poeta que teve que exilar-se de Portugal devido a perseguições políticas, era passear com os filhos ao longo da linha do trem para buscar pequenas pedras brilhantes no meio da poeira. "Ele ensinou-nos a olhar para as coisas que pareciam sem valor. E, sem nunca nos obrigar a ler, ensinou-nos a ler a vida", conta António Emílio Leite Couto —Mia é um pseudônimo— em uma sala de reunião de um arranha-céu de São Paulo. Com uma camiseta azul (um tanto amassada) da mesma tonalidade de seus olhos e uma calça jeans, o escritor parece haver caído de repente no espaço onde, no recinto ao lado, homens e mulheres em blazers e paletós discutem negócios. Por vezes, as vozes do grupo elevam-se, ainda que sutilmente, mas o suficiente para contrastar com o tom monocórdio e pausado do escritor moçambicano, que, em sua fala tranquila, constrói elucubrações literárias e metáforas a cada segundo.

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