jueves, 13 de febrero de 2020

Operação que matou Adriano da Nóbrega teve ao menos três rajadas de tiros, segundo vizinhos | Brasil | EL PAÍS Brasil

Operação que matou Adriano da Nóbrega teve ao menos três rajadas de tiros, segundo vizinhos | Brasil | EL PAÍS Brasil

Operação que matou Adriano da Nóbrega teve ao menos três rajadas de tiros, segundo vizinhos

Cena da ação policial não foi preservada, apesar de Corregedoria da PM ter anunciado investigação. Suspeito de ter ajudado miliciano é libertado pela Justiça

BRUNO LUIZ
Esplanada (Bahia) - 12 FEB 2020 - 09:04ART
Vista da entrada do sítio em Esplanada (Bahia), onde Adriano Nóbrega foi morto.
Vista da entrada do sítio em Esplanada (Bahia), onde Adriano Nóbrega foi morto.MATHEUS BURANELLI
Um ar bucólico paira sobre os 37.000 habitantes de Esplanada, a 170 quilômetros de Salvador (Bahia). Na praça do centro do município, margeada por árvores de médio porte, os moradores se reúnem em pequenos grupos para falar sobre o que acontece na cidade. Desde o último domingo não há outro assunto que não o chefe miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, de 43 anos, morto em suposto confronto com forças policiais da Bahia e do Rio, a 8 quilômetros dali. Poucos, no entanto, se mostram dispostos a falar sobre a operação ―ainda cercada de dúvidas— que eliminou o ex-policial próximo à família Bolsonaro. Quando aceitam relatar o que sabem, pedem anonimato ao discorrer sobre a passagem de Nóbrega pela região, incluindo as conexões do miliciano com um político do PSL e um pecuarista.

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“Eu fiquei com meus filhos dentro de casa orando pra que nada acontecesse. Foi um terror", conta uma vizinha do povoado de Palmares, zona rural de Esplanada. É lá que fica a propriedade do vereador Gilson Neto (PSL) que serviu como último esconderijo de Adriano da Nóbrega, embora o político negue qualquer ligação com o miliciano e alegue que seu sítio foi invadido.
A vizinha diz ter dificuldade de lembrar detalhes por causa do medo que sentiu na manhã de domingo, quando a ação aconteceu. Conta que está sem conseguir dormir desde então, e que fica apreensiva toda vez que vê um carro se aproximando da propriedade. “Meu filho brincava todo dia lá no quintal, mas agora eu não deixo porque tenho medo de alguém aparecer por lá”, diz.
Foi num imóvel pequeno e arejado de paredes brancas, sede do sítio pertencente ao político do PSL —até bem pouco tempo atrás o partido de Jair Bolsonaro e dos filhos—, que Nóbrega foi abordado pela polícia. Vizinhos relatam que a ação foi rápida, mas que os tiros não foram disparados de uma só vez. Houve, pelo menos, uma sequência de três rajadas.
Outro vizinho do vereador, que também não quis se identificar, ajuda a narrar o cerco. Conta que, na fatídica manhã de domingo, foi surpreendido por dois policiais. Com rostos cobertos por brucutus, os agentes conseguiram chegar a sua propriedade pelos fundos do sítio de Gilson Neto. A dupla de policiais disse que estava atuando em uma ocorrência de roubo a banco e pediu para revistar a casa. Nem precisaram buscar Adriano da Nóbrega ali. Logo em seguida, os tiros começaram na propriedade vizinha. “Eles pediram que a gente entrasse em casa pra se proteger dos tiros. A gente não sabia do que se travava. Só veio saber depois, pela imprensa.”

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