O Brasil voa hoje às cegas com o Governo de Jair Bolsonaro, em que vigoram políticas públicas baseadas em achismos, contrárias à ciência e à evidência empírica. A cada ataque diário à imprensa, às minorias ou a cada recusa a prestação de contas e manipulação de dados, a atual gestão vai minando a democracia. A avaliação é do economista brasileiro Claudio Ferraz, professor da Universidade de British Columbia, em Vancouver no Canadá, que conversou com a repórter Heloísa Mendonça. Ferraz, que também é professor da PUC-Rio e especialista em medir o impacto das condições políticas na implementação concreta de medidas e programas, diz que nem o contrapeso do Congresso é capaz de conter todo o avanço autoritário que vai corroendo o país. “Não acho que estamos em um momento em que você possa acordar e achar que a democracia não sofre perigo nem probabilidade sofrer algo mais drástico”, pontua. O economista avalia que Governo enfraquece democracia no Brasil e diz que a principal falha da equipe de Paulo Guedes, que nesta semana chocou mais uma vez o país com suas declarações sobre empregadas domésticas e consumo, é ignorar o debate sobre desigualdade no país.
Também nesta edição, reportagem de Joana Oliveira mostra os efeitos no mercado editorial infantil da 'caça às bruxas', literalmente, incentivada pela ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. A ministra já fez discursos demonizando criaturas imaginárias como dragões e duendes e, desde então, a autocensura emerge em escolas e nas editoras. “Com um Executivo apoiado por grupos neopentecostais, eles querem produzir seu próprio material. O editor que quiser publicar uma obra com bruxas vai pensar 30 vezes antes de fazê-lo, porque sabe que ele não será comprado pelo poder público”, explica a escritora Rosana Rios, autora de livros infantis, que foi diversas vezes finalista do Prêmio Jabuti. O Estado brasileiro é o maior comprador de livros didáticos do mundo.
“Temos uma responsabilidade histórica. Estamos num momento em que podemos decidir que tipo de humanidade queremos.” As palavras de peso são de Rafael Yuste, neurocientista espanhol e catedrático da Universidade Columbia (EUA). Na reportagem de Javier Salas, Yuste explica por que urge que Governos de todo o mundo criem e protejam direitos inéditos —os neurodireitos— antes que as empresas aprendam a manipulá-los.
Claudio Ferraz: “Congresso não contém todo o avanço autoritário do Governo Bolsonaro” |
Economista avalia que Governo enfraquece democracia no Brasil e ressalta que vigora no país uma série de políticas públicas baseadas no achismo |
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