O motim de setores da Polícia Militar do Ceará, fragmentado e sem lideranças aparentes, se transformou em uma bomba-relógio no Estado às vésperas do Carnaval. Neste cenário, quem vai ganhando é a ala mais radical da corporação, formada principalmente por jovens soldados e empoderada por um discurso autoritário na esteira do bolsonarismo, escreve Beatriz Jucá, em reportagem que explica os antecedentes do movimento grevista, ilegal segundo a Constituição, e o peso das eleições municipais deste ano no contexto. A situação provoca surpresa até mesmo em políticos ligados aos PMs: “Foi a primeira vez na vida que vimos um quartel ocupado dessa forma. Todos encapuzados. Não dá pra saber quantos são policiais nem se eles são mesmo policiais”, relatou o senador pelo Estado de São Paulo, Major Olímpio (PSL). Com 51 mortes registradas em 48 horas, ao menos 9 cidades cancelaram as festas de Carnaval no Estado.
No planeta Pernambuco, porém, o Carnaval de todo ano toma as ruas. Neste sábado, o dragão rubro-amarelo do bloco Eu Acho é Pouco promete levar ladeira acima pelas ruas de Olinda milhares de foliões com as cores da agremiação, que desfila desde 1977. “Mais da metade da minha vida eu passei no Eu Acho é Pouco”, conta um fundador. O dragão, as cores e a boa música, tocada por horas a fio, num ritmo que só acaba à noite, são uma ode à permanência dos rituais de Carnaval, escreve a repórter Marina Rossi.
Ainda nesta edição, as notícias sobre a evolução da epidemia de coronavírus mundo afora. A Itália registrou duas mortes até a manhã deste sábado e precisou isolar dez cidades de pequeno porte e colocar 250 pessoas em quarentena. O estopim foram os primeiros 16 contágios na região da Lombardia e Vêneto. “Não devemos semear o pânico, mas precisamos fazer as pessoas entenderem que as medidas tomadas são essenciais para o bem da comunidade", disse o presidente da Lombardia, Attilio Fontana. A situação preocupa porque não esta claro o foco do contágio nem o vínculo epidemiológico que permitiria isolar a doença.
Ala radicalizada da PM no Ceará ecoa bolsonarismo e cria bomba-relógio |
Motim expõe disputas internas na corporação e não tem liderança clara. Estado terá Exército nas ruas, e já contabiliza 51 mortos em 48 horas |
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