Os dias de Iriana nas ruas de Recife: com um bebê e sem documentos
Reportagem acompanhou mulher em situação de rua por nove meses; seu filho nasceu junto ao governo Bolsonaro
Iriana, grávida de 9 meses, posa para foto no centro de Recife FLÁVIO TAVARES AGÊNCIA PÚBLICA
Magra, quase não dava para perceber que Iriana Elísio do Nascimento, de 31 anos, estava no sétimo mês da gravidez. Perto do parto, em dezembro do ano passado, a barriga cresceu e começou a ser vista —Iriana também. Gabriel chutava dentro dela e as pessoas passavam perguntando para quando era o parto, se era menino ou menina, doavam roupas e fraldas. Ela fez o enxoval completo na rua Sete de Setembro, no centro de Recife, onde instalou seu colchão e sua vida há mais de uma década. O filho já tinha conjunto novo para sair da maternidade. Por um bebê que vai nascer, muitos se sensibilizam.
A cama dela na calçada ficava, de dia, entre um mostruário de bolsas de um vendedor ambulante e uma mesinha com jogadores de baralho. “É muito dinheiro que circula aqui”, comentou Iriana, que recebia trocados de quem passava. Conhecia todo mundo, o que lhe garantia almoço e jantar todo dia. Em uma lanchonete da rua, ela usava o banheiro e tomava banho.
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