Bom dia!
“Não gosto do helicóptero porque ele atira para baixo e as pessoas morrem”, escreveu uma criança para os desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O colorido desenho que acompanha a mensagem mostra um helicóptero da polícia com agentes armados atirando em direção ao solo, onde há um traficante mas também crianças. Elas correm. No desenho e na vida real. "Isso é errado", completou o pequeno morador do Complexo de Favelas da Maré. Reportagem de Felipe Betim conta como, através de mais de 1.500 cartas e desenhos, crianças que vivem na região descrevem o horror da vida sob fogo cruzado e pedem que seja restabelecida uma Ação Civil Pública que regula e restringe as operações policiais no local. "O ruim das operações nas favelas é porque não dá para brincar muito. E também ficam morrendo muitos moradores nas comunidades." Seis jovens morreram nos últimos cinco dias vítimas de balas perdidas durante operações policiais no Estado.
Enquanto isso, no mercado financeiro... Wall Street viveu mais um dia de tensão nesta quarta-feira, com uma queda de 3% e sinais alarmantes de recessão no mercado de títulos, arrastada pelos dados da China e da Alemanha que alimentam o medo de uma desaceleração econômica global. A já prolongada guerra comercial entre o gigante asiático e os EUA é precisamente um dos fatores responsáveis pelas turbulências na economia global. No Brasil, uma alta do dólar levou o Banco Central a anunciar que vai intervir, vendendo dólares das reservas externas pela primeira vez desde 2009.
Também nesta edição, trazemos a terceira reportagem do especial Transnacionais da Fé, a investigação da Agência Pública que revela a dinâmica do lobby dos emissários evangélicos de Trump para mudar a embaixada brasileira em Israel. A reportagem detalha a relação dos ativistas religiosos com Jair Bolsonaro desde a campanha eleitoral e a pressão contrária sofrida pelo presidente nas fileiras de seu próprio Governo. Militares e ruralistas, que são os principais opositores, temem que a medida possa gerar prejuízo para a economia brasileira.
Por fim, a colunista Eliane Brum fala sobre o massacre em Altamira, a cidade mais violenta da Amazônia. "Em Altamira, as periferias estão povoadas por expulsos da floresta. [...] Há gente lutando para que os povos da floresta permaneçam na floresta, mas há poucos lutando por aqueles que já foram convertidos em pobres urbanos. Nesse movimento de luta, eles são restos também, são considerados aqueles que já estão perdidos, os além de qualquer salvação. Isso precisa mudar se quisermos recuperar o país", escreve.
Boa leitura!
| “Não gosto do helicóptero porque ele atira para baixo e as pessoas morrem” |
| Crianças descrevem horror da vida sob fogo cruzado em cartas enviadas para a Justiça do Rio. "Uma vez minha mãe saiu para ver minha avó e deu tanto grito que me escondi atrás da máquina de lavar. É isso o que tenho a dizer" |
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