Metade do Brasil vive hoje com uma renda de 413 reais per capita. Isso significa que 104 milhões de brasileiros precisam limitar seus gastos no mês a menos de meio salário mínimo. Num momento em que o ministro da Economia, Paulo Guedes, soltou uma frase que caiu no tribunal das redes sociais — “os ricos capitalizam seus recursos. Os pobres consomem tudo”, disse Guedes à Folha —, a repórter Heloísa Mendonça conversa com a ambulante Josefa de Souza, que personifica o problema da informalidade que passou a dominar o mercado de trabalho e ajuda a puxar a renda dos brasileiros para baixo.
Em outra frente, o assassinato do líder Paulo Paulino Guajajara, na Terra indígena de Arariboia, no Maranhão, chocou a Amazônia pelo simbolismo que essa morte ganha sob o Governo do presidente Jair Bolsonaro. Paulo Paulino era um guardião da mata, conhecido como Lobo Mau, e já havia recebido outras ameaças de mortes. O governo do Estado negociava as condições para incluí-lo em algum programa de proteção estadual. Foi morto numa emboscada, segundo relatou Laercio Guajajara, que também foi atacado mas, embora alvejado, conseguiu se desvincular dos pistoleiros que atiraram para matar. O ministro da Justiça, Sergio Moro, prometeu empenho para esclarecer o caso.
Mesmo assim, o presidente Bolsonaro, que nunca escondeu seu desejo de abrir terras indígenas para a exploração de atividade econômica, é tido como uma figura que incentiva o atrevimento de invasores da Amazônia. Mas o repórter Afonso Benites mostrou que a confiança para baixar controles contagiou também o Estado de Mato Grosso. A Assembleia Legislativa do Estado aprovou um projeto de lei do governador Mauro Mendes, que vai afrouxar compensações das empresas que utilizam a madeira como matéria-prima. O limite para o consumo sem reposição de árvores passará de 12.000 para 49.500. A redução pode ser copiada por outros Estados, o que pode tornar ainda mais vulnerável a floresta, logo após da onda de incêndios criminosos, como mostrou a reportagem “O que há por trás das chamas da Amazônia”, da correspondente Naiara Galarraga.
Viver com 413 reais no mês, a realidade de metade do Brasil |
Desemprego alto e aumento da informalidade faz com que 104 milhões de brasileiros tenham de viver com o equivalente a meio salário mínimo. Número de ambulantes na rua saltou mais de 500% entre 2015 e 2018 |
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