Paulo Guedes evocou o risco de os protestos que varrem a América Latina chegarem ao Brasil para justificar a desacelaração de seu programa de reformas ultraliberais no Brasil. Foi numa longa e confusa entrevista coletiva à imprensa em Washington na qual resolveu mencionar o AI-5, decreto da ditadura que deu início aos anos de chumbo e fechou o Congresso, como uma resposta a eventuais protestos insuflados pelo ex-presidente Lula. As declarações provocaram reação negativa imediata, lidas como mais um gesto do Governo Bolsonaro em direção à radicalização. O historiador Carlos Fico, professor da UFRJ e especialista em ditadura militar brasileira, avaliou, em conversa com o repórter Felipe Betim, que o clã Bolsonaro reedita a estratégia do passado de invocar uma suposta ameaça da esquerda. Já reportagem de Naiara Galarraga Gortázar e Afonso Benites analisa o que mais está por trás da desacelaração da agenda de reformas do Governo: a desorganização da própria base de Bolsonaro no Congresso e a campanha dos parlamentares por mudar as regras para prisão após segunda instância são alguns dos fatores.
Enquanto Guedes se diz preocupado com a reação popular a seus projetos, o colunisa Juan Arias critica as novas medidas do Governo que não contribuem para a queda da desigualdade e penalizam os mais pobres. "Em vez de ter começado taxando as grandes fortunas, os grandes bancos, os grandes dividendos, decidiram ampliar ainda mais as grandes pobrezas, cobrando imposto até sobre o seguro-desemprego."
Ainda nesta edição, uma reportagem especial de Joana Oliveira, do coração da Amazônia, conta sobre o encontro entre jovens que lideram a defesa do meio ambiente na região e europeus que promovem a campanha internacional de combate à crise climática. A geração ‘Greta’ da floresta contou como luta para sobreviver e trocou experiências com os ativistas do exterior. “O rio na minha aldeia está muito triste. Quase tudo é lama, os peixes morreram. Há 18 anos me banho e bebo a água desse rio, mas agora parece que estamos sendo forçados a sair do nosso lar”, disse Yakawilu Juruna, conhecida como Anita, de 18 anos.
Guedes repete ameaça de AI-5 e reforça investida radical de Bolsonaro |
Enquanto o presidente insiste em aumentar o excludente de ilicitude para proteger excessos de militares, ministro traz de volta fantasma da ditadura |
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