A Bolívia encara o luto pela morte de 23 manifestantes em um mês, nas batalhas que se impuseram nas ruas logo após a eleição presidencial, que culminou na renúncia do presidente Evo Morales. Na última sexta, enquanto o Brasil celebrava o feriado de Proclamação da República, a Bolívia registrava nove mortes e dezenas de feridos em um protesto organizado por simpatizantes de Morales. O horizonte é tenso, com o governo interino autorizando, via decreto, a ação das Forças Armadas na repressão aos protestos, ao mesmo tempo em que exime militares e autoridades policiais de responsabilidades criminais.
“Enquanto as primeiras mortes ocorreram como resultado de confrontos violentos entre manifestantes rivais, as mais recentes parecem ser fruto de uso desnecessário e desproporcional da força por parte de policiais e militares”, manifestou no sábado através de um comunicado a alta comissária Diretos Humanos da ONU, Michelle Bachelet.
Nesta edição, os correspondentes na Bolívia Fernando Molina e Francesco Manetto, e o correspondente no México Javier Lafuente, onde Evo Morales vive em exílio desde a semana passada, destrincham os motivos que levam o país a esta situação de calamitosa divisão social. “Existe uma fratura histórica entre indígenas, geralmente pobres, e setores médios e brancos. O racismo é uma atitude que impregna quase todos os fatos da história boliviana”, diz o jornalista e historiador Pablo Stefanoni, especialista em Bolívia. Às vésperas do dia da Consciência Negra, o jornalista Enric Gonzales explica como a questão racial é sangrenta não só para os bolivianos, mas para todo o continente, inclusive o Brasil.
Por aqui, algumas iniciativas visam inibir o racismo, como conta o repórter Diogo Magri. O Santos FC, casa de Pelé, deu uma mensagem clara na Vila Belmiro. “Se você é racista, preconceituoso ou xenófobo, por favor, não compareça aos jogos do Santos FC. Melhor ainda: deixe de torcer para o Santos. Você não merece esse clube e não é bem-vindo em nossa casa”, escreveu o Peixe em suas redes sociais. Em outra seara, a repórter Joana Oliveira relata o que viu durante o encontro Amazônia no Centro do Mundo, realizado às vésperas da COP 25, que chama a atenção para outra guerra perene no Brasil. “Eu nunca matei um homem branco, mas eles mataram meu povo”, diz o xamã Davi Kopenawa Yanomami
ONU denuncia repressão a protestos que deixaram ao menos 23 mortos
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