Epicentro da covid-19 na América do Sul, Brasil é visto como “grande ameaça” por países vizinhos

Para presidente da Argentina, Brasil apresenta “risco muito grande” pelo grande número de casos, mesma opinião de Mario Benítez, do Paraguai, que diz que não abrirá fronteiras. Vizinhos controlaram melhor a epidemia

As descoordenadas medidas de isolamento adotadas pelos dirigentes brasileiros para fazer frente à covid-19, que contribuíram, segundo especialistas, para o aumento de casos no país, têm colocado em estado de alerta as autoridades dos países vizinhos, mais bem-sucedidos no combate à epidemia. Com recorde de 881 óbitos pelo novo coronavírus registrados em 24 horas, o Brasil chega a 12.400 mortes. Casos confirmados somam 177.589, com 72.597 recuperados, e ativam um alerta na região. Para o presidente da Argentina, Alberto Fernández, o Brasil apresenta um “risco muito grande” pelo grande número de casos, mesma opinião de Mario Benítez, do Paraguai, que diz que não abrirá fronteiras.

Longe das escolas e universidades, jovens têm choque de consciência sobre privilégios e injustiças do Brasil durante a pandemia. O repórter Felipe Betim conversou com quatro adolescentes que vivem realidades sociais diferentes, mas contam com uma estrutura familiar e de moradia que lhes permite atravessar a crise do coronavírus dentro de suas casas. Em comum, vivem as angústias de um confinamento de quase dois meses que praticamente deixou em suspenso suas vidas e sua juventude. Elas relatam a angústia e as percepções sobre as diferenças sociais do país. “Tem gente que não tem água pra lavar a mão”, diz Dora Fernandes, 19 anos.

Na década de 30, quase meio século após a Lei Áurea, sancionada em 13 de maio de 1888, Vicente da Silva viveu anos escravizado no interior de Minas Gerais. “Meus pais sabiam que eu era escravo, mas a gente não tinha escolha”, conta, hoje aos 92 anos, ao repórter Breiller Pires. Aos 18, ele rompeu o ciclo e prosperou com a expansão da capital, Belo Horizonte.