miércoles, 1 de abril de 2020

Mortes sem diagnóstico reforçam suspeitas de que estatísticas de coronavírus em São Paulo estão defasadas | Brasil | EL PAÍS Brasil

Mortes sem diagnóstico reforçam suspeitas de que estatísticas de coronavírus em São Paulo estão defasadas | Brasil | EL PAÍS Brasil

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro segue resistindo a pregar medidas de isolamento social, a pandemia de coronavírus avança no Brasil. O país teve 1.138 novos casos de coronavírus computados nesta terça-feira, o maior aumento diário no número absoluto de confirmações desde que a Covid-19 foi detectada por aqui. Com uma morte por hora, o Estado de São Paulo registrou recorde de óbitos em apenas um dia (23 mortos) e um aumento de 54% no número de casos com relação ao dia anterior. Ainda assim, há vários indícios de que esses números estejam defasados. Reportagem de Marina Rossi explica que seja pela escassez de exames, pela ausência de protocolos para os testes ou pela falta de autópsia segura, os mortos por parada respiratória ou por “causa não determinada” em São Paulo estão sendo enterrados sob os mesmos critérios daqueles que faleceram por complicações do coronavírus, mas acabam não entrando para as estatísticas. Uma resolução do Serviço de Verificação de Óbitos de São Paulo deixou de fazer autópsia em casos suspeitos da Covid-19 para proteger de contaminação os funcionários. Outro indício de que o Brasil não tem ainda um retrato claro da pandemia por causa do déficit de testes e da alta no número de internações por síndrome respiratória grave, conta Beatriz Jucá.
Em novo pronunciamento sobre coronavírus, Bolsonaro calibrou o tom. Saíram as menções à “gripezinha”, como ele havia se referido à doença, os ataques à imprensa e as ironias a prefeitos e governadores. O que apareceu desta vez foi um presidente que tentou se pôr à frente do combate da doença, que chamou de “desafio da geração”. Como costuma fazer, no entanto, seguiu acenando à sua base radical: não mencionou nem uma vez a importância de reduzir a circulação social e chegou a distorcer uma fala de diretor-geral da OMS. Como se tornou praxe há duas semanas, o pronunciamento foi acompanhando por panelaços em várias cidades brasileiras.
No mundo, a preocupação é que o combate à Covid-19 sirva de álibi para que regimes autocráticos ou híbridos tomem medidas excessivas. A reportagem especial de María R. Sauhuquillo, Silvia Blanco e Macarena Vidal Ily explica por que as circunstâncias excepcionais da pandemia ameaçam facilitar a prolongada erosão das liberdades e garantias em países com Estados de direito incipientes ou frágeis.
Ainda nesta edição, o cineasta e produtor espanhol Fernando Trueba propõe uma revisão das icônicas canções dos Beatles através do filtro de importantes artistas da MPB. Nomes como Gilberto Gil e Caetano Veloso demonstraram com covers a sua militância geracional pela música dos anos sessenta e setenta.
Mortes sem diagnóstico elevam suspeita de subnotificação em SP



Mortes sem diagnóstico elevam suspeita de subnotificação em SP
Após resolução, serviço deixou de fazer autópsia em suspeitos da Covid-19 e corpos são enterrados como se fossem confirmados, mas não entram nas estatísticas

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