Brasil caminha às cegas com Bolsonaro enquanto apoio ao Governo racha após saída de Moro
Eleitores se decepcionam com presidente com revelações do agora ex-ministro, enquanto aumenta pressão por sua saída e mercado financeiro perde o rumo
Neste 24 de abril, o Brasil desviou a atenção do coronavírus para acompanhar ao vivo o ruidoso divórcio entre os dois principais neotitãs da política nacional: o presidente ultradireitista Jair Bolsonaro e Sergio Moro, um campeão de popularidade do Governo que fez fama como juiz da Operação da Lava Jato. Em uma coletiva que surpreendeu o mundo, Moro anunciou que deixava o cargo de ministro da Justiça acusando Bolsonaro de interferir politicamente na Polícia Federal. À tarde, Bolsonaro rebateu o ex-aliado, a quem acusou de mentir. Contra a percepção de isolamento do Planalto que cresceu nas últimas semanas, o presidente tentou passar uma mensagem de unidade e fileiras cerradas: ao seu lado no pronunciamento estavam 19 de seus 21 ministros, e o vice-presidente da República, Hamilton Mourão. A imagem de fortaleza tinha como um dos destinos o Congresso, que acompanha lance a lance a crise e faz cálculos e perguntas para analisar se haverá chance de um pedido de impeachment prosperar. Já são mais de 20 pedidos na fila da caneta de Rodrigo Maia, presidente da Câmara.
A vocação de Bolsonaro em disparar bombas nucleares em seu próprio Governo enquanto o país vive o pânico da pandemia se repete uma vez mais. “Há uma aceleração de crises, enquanto se luta com a maior de todas as já vividas nesta geração, com a pandemia do coronavírus”, observa Thiago de Aragão, cientista político da Arko Advice.
O terremoto nos obriga a buscar terra firme onde aportar nossa esperança. A Espanha, um dos países mais afetados pelo coronavírus, celebra a recuperação de Julio Lumbreras, de 65 anos. Após 57 dias na UTI com a covid-19, voltou para o quarto nesta quarta-feira. O mundo já reflete quais heranças a pandemia vai deixar para o futuro. Em entrevista ao EL PAÍS, a filósofa alemã Carolin Emcke fala que as sociedades que sairão menos prejudicadas da crise serão aquelas que possuem um sistema de saúde pública, e também como a solidariedade e o cuidado mútuo triunfarão sobre o vírus. “A realidade revela que a hostilidade à ciência dos populistas está se voltando contra eles”, diz ela. Mas há riscos nesse caminho. "A pandemia é uma tentação autoritária que convida à repressão, à regressão nacionalista", afirma
Brasil caminha às cegas com Bolsonaro enquanto apoio ao Governo racha |
Eleitores se decepcionam com presidente com revelações do agora ex-ministro, enquanto aumenta pressão por sua saída e mercado financeiro perde o rumo |
No hay comentarios:
Publicar un comentario