Os procuradores da Lava Jato em Curitiba tinham uma fé cega no Telegram e usaram o aplicativo privado de mensagens para tudo: da troca de emojis a documentos sigilosos e até para comunicação com parceiros internacionais, como evidenciam as conversas obtidas pelo The Intercept e analisadas em conjunto pelo EL PAÍS. A quarta reportagem especial da parceria analisa os riscos da escolha preferencial pelo app, que expõe as fragilidades dos métodos de segurança da maior operação anticorrupção do Brasil e lançam luz sobre o limbo legal do uso do tipo de tecnologia pelas autoridades. Foi pelo Telegram, por exemplo, que os procuradores enviaram uns aos outros a proposta de delação do ex-ministro Antonio Palocci, documento que deve estar sob sigilo e protegido pela lei da colaboração premiada. "Parece que estão todos no pré-primário da segurança da comunicação", diz Carlos Ari Sundfeld, especialista em direito público, que vê doses de "abuso de autoridade" na conduta de Curitiba.
Também nesta edição, uma conversa com o diretor cearense Karim Aïnouz, que apresenta no Cine Ceará seu novo filme, A vida invisível, cotado para concorrer ao Oscar. “Eu queria falar da descolonização dos corpos femininos e das identidades”, diz o diretor em entrevista à repórter Joana Oliveira. O filme fala sobre as mulheres invisíveis e da sordidez da vida cotidiana normalizada —com assédios, abusos e até estupros dentro de casa— e da família escolhida (amigos) como núcleo de resistência.
E no Reino Unido, o primeiro ministro Boris Johnson comprovou que a política é mais que um concurso de popularidade. Após uma série de manobras ousadas para garantir a data do Brexit mesmo sem acordo com a União Europeia, Johnson foi derrotado pela aprovação de uma lei proposta por trabalhistas e por vários conservadores rebeldes, que obrigará o mandatário a procurar um pacto. O correspondente Rafa de Miguel conta direto de Londres os detalhes do confronto.
| O limbo legal da Lava Jato que confiou cegamente no Telegram |
| Mensagens entre procuradores da Lava Jato, obtidas pelo 'The Intercept' e analisadas em conjunto pelo EL PAÍS, mostram fé cega na segurança do aplicativo e revelam doses de “abuso de autoridade pública”, diz jurista |
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