CÚPULA DO CLIMA NA ONU
Cúpula do clima tem acordo modesto, sem compromisso do Brasil e grandes poluidores
Europa lidera esforço, mas sem adesão de EUA, China e Índia. Não houve representação do Governo brasileiro. Greta Thunberg lidera discurso de jovens ao lado de brasileira Catarina Lorenzo
Nova York - 24 SEP 2019 - 22:28 ART
Greta Thunberg discursa na ONU.SPENCER PLATT (AFP)
Quase 70 países se comprometeram durante a cúpula do clima organizada pelas Nações Unidas em Nova York a revisar seus planos de corte de emissões de gases de efeito estufa para poder cumprir com os objetivos do Acordo de Paris. Esse pacto estabelece que todos os Estados devem reduzir essas emissões que esquentam o planeta para cumprir um objetivo comum: que o aumento da temperatura (que julga irreversível) fique abaixo de dois graus centígrados em relação aos níveis pré-industriais e, se possível, abaixo de 1,5 graus. Mas, como alertou novamente a ONU, o planeta já está com um aumento de um grau e os planos de corte dos Estados são insuficientes: causarão um aumento de mais de três graus até o final do século. As Nações Unidas calculam que é preciso que os esforços aumentem de três a cinco vezes, mas esse anúncio não aconteceu nesta segunda-feira. Apesar do esforço liderado pela Europa, os outros três grandes poluidores —China, EUA e Índia— não pactaram novas medidas.
O Brasil tampouco teve participação formal, não listado no encontro por não apresentar um plano contra a emergência climática. Enfrentado com Jair Bolsonaro por causa das queimadas na Amazônia, o presidente da França, Emmanuel Macron, reivindicou lugar na discussão sobre a floresta por causa da Guiana Francesa. O francês se reuniu com outros Estados amazônicos, mas sem nomes do Governo brasileiro. "Todo mundo pergunta: como vai fazer sem o Brasil? O Brasil é bem-vindo, eu acho que todos devem trabalhar com o Brasil, com os Estados da região. É bom que isso aconteça de forma respeitosa. As próximas semanas permitirão uma solução política que será um avanço", disse Macron segundo o jornal O Estado de S. Paulo. Jair Bolsonaro, que já está em Nova York, faz o discurso de abertura da Assembleia da ONU nesta terça, a partir das 10h (horário de Brasília).
“Essa não é uma cúpula para vir falar, para negociar. Não se negocia com a natureza”, alertou o secretário geral da ONU, António Guterres, durante a abertura de um encontro marcado pelos protestos dos jovens em todo o mundo pela passividade dos Estados diante da crise climática. “Estamos em um buraco e precisamos parar de cavar”, alertou em referência a emissões que não param de crescer e que, se novas medidas não forem tomadas, continuarão aumentando durante a próxima década apesar do Acordo de Paris.
A perda de liderança e de ambição contra a mudança climática a partir dos Estados foi evidente desde a assinatura do acordo, há quatro anos. Mas, paralelamente, surgiram mobilizações que encheram as ruas de jovens que clamam contra a inação. E seus protestos, que prometem mobilizar na sexta-feira uma grande greve mundial, tiveram um papel importante no encontro. De fato, o rosto mais visível desses protestos, a ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos, participou na segunda-feira com outros jovens, entre eles a brasileira Catarina Lorenzo, de 12 anos.
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