Pacientes com coronavírus em UTIs quase dobram em três dias e já são ao menos 176 no Brasil

Número, medido em plataforma que cobre apenas um terço dos leitos de tratamento intensivo, acende alerta. Mandetta fala em “colapso” do sistema, mas Governo não endurece regras

O avanço rápido do coronavírus no Brasil acende um alerta para o risco de o sistema de saúde colapsar, como admitiu o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, nesta sexta, caso não sejam cumpridas as regras de isolamento social. Enquanto, à diferença dos vizinhos, o Governo Federal ―que contabiliza oficialmente mais de 900 casos confirmados e 11 mortes no país― hesita em determinar regras mais duras, a luz amarela vem das UTIs. Reportagem de Beatriz Jucá explica como, em apenas três dias, o número de pacientes com coronavírus em UTIs no Brasil quase dobrou em três dias e já são ao menos 176. Os números, obtidos pelo EL PAÍS, são de uma plataforma que monitora apenas um terço dos leitos para tratamento intensivo. Ou seja, a situação real pode ser ainda pior, tornando dramática a corrida contra o tempo do poder público para reforçar a estrutura do SUS e dar conta da crescente demanda.

A escalada da pandemia também coloca demissões e recessão à vista. O Governo já projeta crescimento próximo de zero em 2020, mas estimativas do mercado chegam a 4,4% negativos, relata Heloísa Mendonça. Para estancar os impactos econômicos da crise sanitária, a gestão Bolsonaro defende permitir que as empresas afetadas cortem temporariamente metade da jornada e dos salários dos trabalhadores.

A pandemia e o isolamento sem dúvida obrigam o mundo a se encarar no espelho. Para colunista Jamil Chade, o reflexo da crise definirá nossa geração. "Uma oportunidade única para a sociedade, fechada, olhar para si mesma e se examinar. Temos como construir uma geração fincada na responsabilidade social?", escreve. Já o filósofo e colunista do EL PAÍS Vladimir Safatle acredita que só podemos enfrentar a pandemia sem o presidente Jair Boslonaro. "Um impeachment neste momento teria um valor civilizatório, pois deixaria claro que a sociedade brasileira não admite ser comandada por alguém que se demonstra tão inepto e com interesses exclusivos de autopreservação", provoca.