Um gesto de João Doria nesta terça-feira levantou uma barreira entre sua figura, a mais à direita do PSDB, e o bolsonarismo radical que ajudou a elegê-lo. O governador de São Paulo recuou em relação a sua defesa intransigente da Polícia Militar e resolveu afastar das funções de rua 32 agentes envolvidos na ação em Paraisópolis que resultou em nove mortos pisoteados no baile funk Dz7 —ele já havia afastado outros seis. A guinada do tucano veio após conversa dele, no dia anterior, com os parentes dos nove jovens que perderam a vida, relata a reportagem de Gil Alessi. O filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, protestou, mas não apenas ele. "Governador, pare de jogar a culpa pelo que aconteceu [em Paraisópolis] na Polícia Militar”, disse Ernesto Puglia Neto, secretário-geral da Associação dos Oficiais Militares do Estado de São Paulo em Defesa da Polícia Militar.
Na Argentina, foi um dia de troca no poder. Alberto Fernández e sua vice, Cristina Kirchner, tomaram posse como presidente e vice do país vizinho tendo enormes desafios econômicos pela frente e enviando recados de conciliação, conta Enric González, de Buenos Aires. Além de dizer aos credores que a Argentina não estava em condições de honrar suas dívidas, o peronista fez questão de estender pontes com o Brasil, dizendo que "a irmandade histórica de nossos povos é mais importante do que qualquer diferença pessoal de quem governa."
Outro destaque da edição é a reportagem de Miguel Ángel Criado sobre um estudo que pode ajudar a explicar a menopausa entre fêmeas de algumas espécies —além dos humanos, ela só acontece nos cetáceos dentados: golfinhos, belugas, narvais e orcas. Pesquisadores norte-americanos e britânicos analisaram durante quase 50 anos duas populações de orcas sedentárias que vivem nas costas ocidentais do Canadá e dos EUA e chegaram a uma conclusão curiosa: esses animais vivem mais quando têm avós. “Esse novo trabalho mostra pela primeira vez que as avós pós-reprodutivas aumentam a sobrevivência de seus netos. Essa nova descoberta poderia explicar por que as fêmeas vivem tanto tempo depois de chegar à senescência reprodutora”, diz o professor Darren Croft. É mais um passo na confirmação da chamada hipótese da avó: ao se livrar da reprodução, elas podem ajudar a criar os filhos de seus filhos.
Recuo sobre Paraisópolis opõe João Doria ao bolsonarismo radical |
Decisão de afastar 38 policiais que participaram da ação que deixou nove mortos em comunidade de São Paulo é mais um aceno do tucano à moderação |
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