No dia seguinte à tragédia em Paraisópolis, moradores da segunda maior favela de São Paulo não escondiam a raiva da polícia. “Foi premeditado. Não foi uma fatalidade, quem fez sabia o que estava fazendo”, disse o presidente da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis, Gilson Rodrigues, sobre a ação policial no Baile da Dz7, na madrugada do último domingo, que terminou com a morte de nove jovens. Enquanto familiares ainda buscam enterrar seus mortos, Rodrigues descrevia aos repórteres Naiara Galarraga Gortázar e Breiller Pires como, em sua visão, a operação havia transformado um punhado de ruelas em uma ratoeira. “Fecharam uma esquina, fecharam a outra, jogaram bombas de fumaça aqui, as pessoas correram para lá, jogaram mais bombas lá e então as pessoas correram para as vielas ... Mas algumas não tiveram saída". Nesta terça, o governador tucano João Doria eximiu de culpa os agentes, ainda que eles tenham sido afastados do serviço e as investigações ainda estejam em curso.
A tragédia foi lembrada nesta segunda-feira na capital paulista, quando mais de 30 lideranças de instituições e movimentos sociais de diferentes espectros ideológicos se reuniram no centro para tentar fazer frente aos desafios lançados pela extrema direita que chegou ao poder, conta Felipe Betim. “Chegamos aqui porque silenciamos, porque aceitamos. O silêncio não vai nos levar a lugar nenhum", discursou Karla Recife, da Frente Favela Brasil.
Nesta terça-feira, 79 países ou regiões se olham no espelho da educação. Nesta manhã, foram divulgados os resultados do PISA 2018, que faz um retrato do desempenho de estudantes de 15 anos em ciências, matemática e compreensão leitora. Eles mostram que o Brasil estagnou na última década e expõem os efeitos da desigualdade de renda e gênero na educação do país. Segundo a avaliação realizada a cada três anos pela OCDE, apenas 2% dos adolescentes brasileiros tiveram os níveis mais altos de proficiência em pelo menos uma das áreas medidas.
“Os que morreram poderiam ser meus filhos”, o dia seguinte em Paraisópolis |
Governador Doria exime policiais, que são "preservados" e retirados das ruas após 9 morrerem durante ação da PM em baile funk |
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