Ao longo de vários anos de pesquisa de campo, a antropóloga Rosana Pinheiro-Machado vem pesquisando de perto as manifestações e movimentos que explodiram no Brasil a partir de junho de 2013, passando pela nova geração de feministas, os encontros de jovens da periferia em shoppings que ficaram conhecidos como rolezinhos, as ocupações nas escolas pelos secundaristas, a greve dos caminhoneiros... Professora da Universidade de Bath (Reino Unido) e colunista do site The Intercept, ela transformou o que acumulou em anos de pesquisa em seu novo livro, Amanhã vai ser maior: O que aconteceu com o Brasil e possíveis rotas de fuga para a crise atual (Editora Planeta). Em entrevista ao repórter Felipe Betim, ela discute o papel dos novo ativismo jovem, que muitas vezes se distancia da institucionalização dos movimentos políticos já consolidados. "Não raro a esquerda culpa junho de 2013 por tudo que aconteceu, já que não controla essas pessoas, não é algo centralizado. É muito mais fácil acusar de golpista e não fazer mais nada do que trabalhar politicamente. Precisa negociar, disputar essas multidões, e não culpá-las. A esquerda até quer a multidão, desde que seja controlada por bandeiras", afirma.
A madrugada do último domingo marcou a primeira semana da incursão policial que deixou nove jovens mortos em um baile funk de Paraisópolis, favela da zona sul de São Paulo. Para marcar a tragédia, os frequentadores da festa organizaram um baile em homenagem às vítimas. "Eram 3h15 da madrugada quando as caixas de som ficaram mudas. Dezenas de alto-falantes montados nos porta-malas de carros, dentro dos bares e em barracas de bebida, que segundos antes tocavam sucessos do funk em uma polifonia de graves vindos de todas as direções, se calaram. Foi assim, com alguns minutos de silêncio, que a comunidade de Paraisópolis e os frequentadores do baile Dz7 homenagearam os nove mortos pisoteados durante o massacre ocorrido no dia 1º", contou o repórter Gil Alessi, que acompanhou a homenagem.
Em passagem por Madri, a escritora nigerania Chimamanda Ngozi Adichie concedeu entrevista ao EL PAÍS. “Temos as expectativas muito baixas com os meninos. Não os estamos educando para que sejam emocionalmente maduros”, disse ela a Pilar Álvarez. Na conversa, ela reflete sobre os rumos da sua figura pública e sobre questões como raça, identidade, a evolução do MeToo e o poder das mulheres no século XXI.
“Todo dia a esquerda cancela alguém, mas não vemos propostas. Virou radicalismo de Twitter” |
Antropóloga Rosana Pinheiro-Machado lança o livro ‘Amanhã vai ser maior’, no qual apresenta visão esperançosa sobre as gerações mais jovens |
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